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06/06/2022

O boom dos negócios de impacto

O número de iniciativas que surgem com o compromisso de resolver problemas sociais e ambientais tem crescido de forma exponencial nos últimos anos.

 

As mais populares, chamadas de “negócios de impacto”, são baseadas em modelos mais sustentáveis, colaborativos e democráticos, e ganham visibilidade ao propor solucionar problemas com uma lógica de mercado, visando o lucro e, ao mesmo tempo, tendo como principal atividade resolver problemas socioambientais.

 

Já discutimos por aqui o cenário dos negócios de impacto no Brasil (link artigo 1) e a formação do ecossistema de impacto (link artigo 2). Hoje, vamos aprofundar a definição do segmento “negócios de impacto” e suas perspectivas para o futuro. Continue lendo esse artigo para entender.

 

Tendências

 

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os negócios de impacto já são uma tendência no mercado atual.

 

Mas, o boom dos negócios de impacto representa apenas uma parcela das ações que surgem no sentido de ajudar o planeta. Atendendo uma diversidade de perfis e demandas dos empreendedores, em algum ponto intermediário entre a sua atuação e a de um negócio tradicional, surgem nomenclaturas como: negócios inclusivos, economia criativa, negócios sustentáveis, negócios conscientes, empresas B, investimento social privado em empresas tradicionais, dentre outros.

 

Juntos, todos esses empreendimentos com alguma orientação para impacto dão voz, corpo e força à nova lógica.

 

No entanto, olhando detalhadamente para cada iniciativa, é possível notar que ainda não existe uma definição precisa desses “modelos de impacto”.

 

Para criar um referencial claro sobre o que define um negócio de impacto, o Pipe.Social, juntamente à Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, realizou em 2019 uma pesquisa intitulada "O que são negócios de impacto: características que definem empreendimentos como negócios de impacto".

 

O resultado identificou quatro critérios que, quando aparecem de forma simultânea, formam o requisito mínimo de um negócio de impacto.

 

São eles:

 

1. O negócio de impacto expressa de maneira clara a sua intencionalidade (missão/propósito) de resolver (ao menos em parte) um problema social e/ou ambiental.

 

2. A atividade principal do negócio traz uma solução para um problema socioambiental real, sendo essa solução o principal motivo que justifica a existência do negócio.

 

3. O negócio opera por meio da lógica de mercado buscando retorno financeiro, ou seja, gera receita própria por meio da venda de produtos e/ou serviços, independentemente do seu formato jurídico. Não depende de subsídios, ainda que possa recebê-los em diferentes etapas de sua jornada como ajudas pontuais.

 

4. O negócio tem compromisso com o monitoramento do impacto socioambiental que gera na sociedade.

 

Ainda assim, o documento afirma que “a categorização como negócio de impacto apenas reconhece o conjunto de características existentes em um empreendimento em um determinado momento, não sendo suficiente para diferenciá-lo de outras nomenclaturas”, como as citadas acima.

 

Se em um primeiro momento a definição do que se enquadra ou não no termo “de impacto” pareça mais complexa do que se espera, a pesquisa se esforça também para definir termos excludentes. Ou seja, sabe-se que nem o perfil sociodemográfico do empreendedor, nem o cliente/beneficiário direto, nem o tamanho do empreendimento são suficientes para definir se um empreendimento é ou não um negócio de impacto.

 

Futuro

 

Embora o cenário de impacto esteja numa crescente e os anos que antecederam a pandemia tenham registrado uma aproximação entre eles e o investimento social privado, um estudo elaborado pela PonteAporte divulgado em agosto de 2020 mostrou que a maioria dos negócios de impacto e intermediários foi duramente afetada pela pandemia, com perda de receitas e doações, interrupção de atividades, congelamento dos investimentos e canibalização de recursos.

 

Apesar do fechamento de alguns negócios de impacto e organizações que não conseguiram sobreviver sem apoio externo ou doação nesse período, para esse ano a expectativa é que o cenário avance do neutro para otimista, com um aumento do mercado por conta tanto do aumento da pobreza, quanto da aceleração da conscientização dessa nova dinâmica de negócios.

 

Para manter esse positivismo, no entanto, a PonteAPorte destaca a importância de posicionar os negócios de impacto e intermediários como atores da retomada econômica e representantes dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

 

Para isso, investir no ecossistema de impacto ainda é o caminho mais assertivo e promove uma maior interlocução entre os modelos complementares, os negócios comunitários e rurais e as startups.

 

A incorporação de uma estratégia de apoio aos negócios de impacto, no entanto, trata de um processo de transformação organizacional que demanda tempo, investimentos financeiros, equipe qualificada e o engajamento de muitos públicos.

 

Nesse sentido, incubadoras e aceleradoras, assim como hubs como o HousingPact, são atores fundamentais no apoio à estruturação de negócios orientados para a resolução dos grandes problemas socioambientais do país.