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25/02/2022

Head de Inovação da Trutec, Henrique Leoni, fala sobre as expectativas do Vedacit Labs para 2022

Henrique Leoni, atual Head de Inovação da Trutec, é formado em engenharia elétrica com ênfase em eletrônica pela FEI. Mesmo após sua formação, desde 2009, atua na área de projetos onde descobriu uma paixão por ações que somam áreas técnicas com oportunidades de novos negócios.

 

Em 2018, quando entrou para o grupo Baumgart - fundador da Vedacit, dentre outras empresas - teve a oportunidade de acompanhar o nascimento do Vedacit Labs, Programa de Inovação Aberta, que lhe despertou interesse pelo universo das startups, um verdadeiro oceano azul de possibilidades.

 

Desde então, Leoni começou a participar da iniciativa de maneira mais ativa, assumindo, em 2020, um dos maiores projetos de aceleração de startups dentro do mercado da construção civil. Sendo um marco para o desenvolvimento e crescimento de sua carreira.

 

A chance de integrar o time de uma empresa spin-off da Vedacit, a Trutec, não demorou para aparecer. Hoje, responde como Head de Inovação e revela, num bate-papo descontraído, que assumir essa posição exige mais do que a paixão pelo novo, mas uma visão que permite avançar a passos largos no menor espaço de tempo possível.

 

 

Há 3 anos, quando entrou para o grupo Baumgart, você era responsável apenas por um projeto. Em algum momento imaginou que cresceria tanto em tão pouco tempo? Conte-nos sua trajetória até aqui.

 

Henrique - Passei praticamente toda minha carreira trabalhando na área de projetos. Em 2018, fui contratado pela Vedacit para tocar um projeto. Mais ou menos nessa época, o Vedacit Labs foi lançado e presenciei uma mudança brutal na organização. Embora ainda não diretamente envolvido, achei fantástico participar, mesmo que indiretamente, em um cenário de tanta transformação e mudança. Isso me despertou o desejo de fazer parte do projeto mais de perto. Aquele mundo ágil, o dinamismo de uma startup, dentro de uma corporação tão sólida e familiar como a Vedacit, com mais 85 anos de história, me pareceu uma oportunidade incrível. Logo, passei a imaginar como poderia contribuir conectando esse universo de inovação com o mercado da construção civil, um dos mais tradicionais.

 

Em 2019, foi lançado o primeiro ciclo de aceleração e eu não participei dele efetivamente, porque ainda tinha muita demanda do projeto principal que eu tocava na Vedacit.

 

Finalmente em 2020 fui convidado para fazer parte do Vedacit Labs, como um dos conectores. Tínhamos alguns atores nessa jornada e o conector era basicamente quem tocava o rumo do projeto e facilitava a conexão entre a startup e a organização. Essa parte foi muito legal, porque o projeto que desenvolvi foi um dos mais bem avaliados dentro do Programa.

 

Com a chegada da pandemia, o mercado da construção civil teve um crescimento expressivo e foi quando lançamos a Trutec. O objetivo era ter uma empresa com foco na tecnologia. Fui convidado pelo gestor da época, que era o diretor de tecnologia da Vedacit, a fazer parte do escritório de projetos da nova empresa.

 

Começamos a fazer os projetos e a ideia era fazer o mesmo formato que a gente imaginava e vislumbrava fazer na Vedacit. Trazer as startups para dentro do jogo, fazer a conexão com o mundo de negócios e escalar isso era exatamente o que eu ia fazer na Trutec. Tínhamos uma pessoa que atuava na área de inovação que fazia toda parte de estratégia de investimentos, mas em fevereiro de 2021 a vaga ficou em aberto e eu decidi que queria fazer parte daquilo e ajudar a construir a área de inovação com o olhar de projetos. Foi quando me candidatei.

 

Desde então assumi a função de Head de Inovação na Trutec, passamos a desenhar o Vedacit Labs, passamos a desenhar uma metodologia própria dentro do ecossistema. O desafio era fazer o programa de aceleração 100% dentro de casa. Antes, era apenas um ciclo de aceleração por ano, com a Trutec passamos para dois ciclos. Eu não tinha a menor ideia de como isso poderia funcionar. Foi algo completamente novo e desafiador, foi quando caiu a ficha de que as coisas tinham mudado e que não era suficiente apenas fazer a gestão de projetos, mas era necessário ter um olhar para a inovação.

 

É interessante pensar em todas as transformações que a empresa passou em tão pouco tempo, e você, como profissional. É realmente tudo muito acelerado e tem muita dinâmica de startup.

 

Totalmente. Esse dinamismo é uma orientação típica das startups: a gente desenha algo para o ano, vem com a estratégia, mas no meio do caminho se depara com alguma coisa inesperada. É bem dinâmico mesmo e precisamos estar bem atentos a tudo.

 

Falando agora do Labs, as inscrições para o 5º ciclo foram encerradas recentemente. Foram 167 cases inscritos. O movimento ficou dentro da expectativa?

 

Sim, ficou dentro da expectativa. É importante lembrar que quando falamos desse modelo de ciclo de aceleração, ele tende a se exaurir, porque quanto mais importante ele é, você tende a deixar seus contatos mais restritos. Se você olhar para o mundo da construção civil, embora exista um número alto de construtechs, quando fechamos o filtro para aquelas que estão em fase de tração ou escala, o número é menor mesmo, pois são empresas que já possuem clientes, faturamento e estão em um estágio mais maduro.  

 

Assim, 167 inscritas em um ciclo é um número muito bom e está na média, comparado com as inscrições dos outros ciclos.

 

Notamos que hoje, empresas não só maduras, mas também com alto faturamento, querem se conectar com o Vedacit Labs muito por conta desse movimento que a gente está fazendo no ecossistema orientado para construção civil. Não tem ninguém fazendo esse trabalho ainda. Junto com o time da Innovation Latam, que está com a gente desde o terceiro ciclo, nós vimos uma grande evolução no processo de inscrição e mais qualidade dos inscritos.

 

Quando você menciona a questão de ter várias empresas querendo se conectar, vem à tona o fato de que o desafio que mais teve inscrição nesse ciclo foi o Conecte-se, destinado às startups que não tem o foco do desafio específico, mas acham que podem interagir de alguma forma com vocês. Você acredita que isso pode apontar para um novo caminho para o programa?

 

Essa é uma pergunta que muita gente faz para o time: “por que tivemos muita inscrição para o Conecte-se e a galera não se conectou a nenhum desafio específico?”.

 

A questão é que boa parte das soluções que vão para o Conecte-se têm dificuldade de entender onde elas se encaixam. “Sou uma construtech ou proptech?”, esse é um problema que vemos constantemente.

 

Nesse sentido, falamos muito da mandala da Trutec. Quando propomos um desafio, lançamos pelas verticais da mandala e boa parte dessas empresas que entram lá no Conecte-se, elas também fazem parte desses desafios, mas ainda não se enxergam ali dentro. Quando contamos sobre o conceito e o ciclo de vida da edificação, essas soluções passam a se olhar de outra forma e se identificar com algumas etapas da jornada da construção. O desafio em si é mais para dar uma separada naquelas empresas que são muito específicas, daquelas que acham que conseguem fazer mais do que o desafio propõe.

 

Mas, de maneira geral, o formulário de inscrição do Conecte-se é o mesmo formulário do desafio. A diferenciação é mais para orientar o time interno e poder avaliar o perfil desses projetos.

           

Você disse que tem muitas startups que não sabem se se enquadram como construtech ou como proptech. Como se define cada uma delas?

 

O posicionamento de uma startup como construtech ou proptech é muito relativo. Em resumo, a diferença é que a construtech atua na execução da obra, seja na seleção do terreno, na elaboração dos projetos ou no processo construtivo. As proptechs, geralmente, são soluções que atuam na fase do pós-obra.

 

A Trutec já tem ou pretende ter projetos que deem mais visibilidade às startups em estágios iniciais?

 

Temos sim. Esse ano começamos a desenvolver um projeto chamado Trutec Academy, que pode ser uma boa oportunidade para essas empresas que estão em fase de ideação, ou de MVP.

 

O objetivo é nos aproximar das universidades e professores que estão mais ligados ao ecossistema de inovação da construção civil, para desenvolver alguns desafios específicos procurando por soluções que ainda não foram bem desenvolvidas ou dores dos nossos clientes que não foram mapeados por nenhuma startup ainda.

 

A nossa ideia não é ser um lab de incubação, mas temos interesse no relacionamento com empresas que estão no estágio inicial.

 

É uma forma de levar o nome da Trutec para dentro das universidades e começar a desenvolver cada vez mais o conceito da engenharia artificial, que é todo esse portfólio conectado. Imaginamos que é possível colocar isso em prática na universidade através do desenvolvimento de uma nova matéria, por exemplo, e, como consequência, ter alunos já preparados para esse conceito dando uma possibilidade de carreira interessante, seja na criação de um novo negócio ou quem sabe até na própria Trutec.

 

O que mais a gente pode esperar da área de inovação da Trutec neste ano?

 

O ano de 2022 será muito importante para a consolidação do ecossistema da Trutec. Teremos soluções para cada fase da nossa mandala, estamos muito bem posicionados na fase de execução de obras, de ponta a ponta. O objetivo é começar a se preparar para o final do ano, quando temos a intenção de alçar voos maiores e representar a evolução do labs para fora do país. A expectativa é que para 2025/2026 nos posicionarmos como o maior Hub Latam. Por isso, neste ano, começamos a trilhar esse caminho e se conectar com outros ecossistemas fora do Brasil.

 

Sabemos que ainda tem muita coisa a ser trabalhada no ecossistema Brasil, mas tem muita coisa fora que também pode ser aproveitada e a gente já pode começar a se relacionar tanto trazer para dentro, quanto levar nossas soluções para fora.

 

Outro desafio é que, mesmo durante o 5º ciclo de aceleração, o Labs passe por ajustes para manter a qualidade e atrair as melhores empresas. Como toda boa Startup, estamos sempre medindo, aprendendo e ajustando nossa rota.