Componentes do Bem-estar
O que é bem-estar? Como é possível saber quando e em que medida alguém está feliz? Essas questões, a princípio, podem parecer bem fáceis de responder, pois geralmente sabemos quando estamos felizes e satisfeitos. Entretanto, por mais fácil que seja saber quando se está feliz e por mais desejável que seja estar feliz, o entendimento da estrutura e da promoção do bem-estar requerem bases científicas sólidas. Esse é um tema muito relevante, dadas às amplas implicações que vão desde a área da saúde até indústrias de cosméticos.
Um dos campos da Psicologia mais voltado para investigar o bem-estar é o da Psicologia Positiva, fundada por Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi em 1998. As pesquisas empíricas nessa área sugerem que aquilo que chamamos de bem-estar não se trata de uma característica única e estanque. Na verdade, ele parece ser composto por dois fatores diferentes, mas relacionados: o bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico.
O bem-estar subjetivo abrange o componente afetivo advindo do balanço entre emoções positivas e negativas em conjunto com o elemento cognitivo dos julgamentos sobre a satisfação com a própria vida. Por outro lado, o bem-estar psicológico está mais focado nas nossas relações com os outros, com o meio em que vivemos e nossas metas de vida, sendo composto por seis fatores: relações positivas com os outros, autonomia, adequação ao ambiente, auto-aceitação, objetivo de vida e crescimento pessoal.
Abordagem empírica e implicações
No artigo científico intitulado "Measuring happiness: The higher order factor structure of subjective and psychological well-being measures", os psicólogos positivos Alex Linley e colegas fizeram uma análise fatorial para examinar a estrutura do bem-estar subjetivo e do bem-estar psicológico, em grandes amostras no Reino Unido. A pesquisa foi publicada em 2009 na revista científica "Personality and Individual Differences".
Suas análises revelaram que realmente o bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico se apresentam como dois fatores independentes, mas relacionados, o que está de acordo com pesquisas anteriores na literatura. Neste estudo, os pesquisadores demonstraram que a estrutura do bem-estar (subjetivo e psicológico) não varia de acordo com idade, sexo ou etnia. Entretanto, os autores sugerem a realização de pesquisas longitudinais, no futuro, para avaliar a influência de ambos, bem como a utilização de outras amostragens para avaliar a influência da etnia, já que não foi objetivo do estudo.
O fato de que homens e mulheres, jovens e idosos, e pessoas de diferentes grupos étnicos têm todos os mesmos componentes, tanto do bem-estar subjetivo quanto do bem-estar psicológico, indica que esta é uma necessidade básica dos seres humanos. O fato de teremos todos os mesmos componentes estruturais do bem-estar não quer dizer que não existam diferenças individuais no nível do bem-estar ou em como ele é sentido. Porque uma coisa é sabermos o que é o bem-estar humano e outra coisa é saber como seu nível e manifestação varia nos indivíduos. Por conta desse carater universal da sua estrutura, a investigação sobre este tema possui grande relevância social, pois pode ser aplicada para gerar a inovação da indústria na promoção do bem-estar humano, independentemente de gênero, idade e etnia.
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