Publicado em:
27/10/2025
Mas, afinal, o que é o jejum intermitente (JI)? É importante começar esclarecendo o que ele não é: não é uma dieta que dita o que você deve comer, mas sim um padrão alimentar que foca em quando você come. Trata-se de alternar ciclos entre períodos de alimentação (a "janela de alimentação") e períodos de jejum voluntário (a "janela de jejum"). A ideia central é simples: dar ao seu corpo um descanso digestivo regular, permitindo que ele acesse processos metabólicos que não são ativados quando estamos constantemente alimentados.
Os benefícios do jejum intermitente vão muito além da simples perda de peso, embora essa seja frequentemente a razão mais popular para começar. Quando você passa um período prolongado sem ingerir calorias, seu corpo passa por mudanças significativas. Os níveis de insulina caem drasticamente, o que facilita a queima de gordura armazenada. Além disso, o corpo inicia um processo fascinante chamado autofagia, que é essencialmente um "serviço de limpeza" celular, onde as células removem componentes velhos e disfuncionais. Estudos também apontam para melhorias na sensibilidade à insulina (reduzindo o risco de diabetes tipo 2), redução da inflamação e até mesmo potenciais benefícios para a saúde cerebral.
Existem vários métodos para praticar o jejum intermitente, o que o torna uma estratégia incrivelmente flexível e adaptável ao seu estilo de vida. O método mais popular é o 16/8 (ou Método Leangains), onde você jejua por 16 horas todos os dias e restringe sua alimentação a uma janela de 8 horas. Para muitos, isso é tão simples quanto pular o café da manhã e fazer a primeira refeição ao meio-dia, jantando até as 20h. Outros métodos incluem o 5:2 (comer normalmente por 5 dias da semana e restringir severamente as calorias em 2 dias não consecutivos) ou o Eat-Stop-Eat (um ou dois jejuns de 24 horas por semana). O segredo é encontrar o protocolo que melhor se encaixa na sua rotina e que você consiga manter a longo prazo.
É claro que a adaptação inicial pode trazer desafios. Nos primeiros dias, é comum sentir fome, dores de cabeça leves ou uma sensação de "névoa mental" enquanto o corpo se ajusta a usar gordura como fonte primária de energia, em vez de glicose constante. A hidratação é sua maior aliada durante o período de jejum: água, chás sem açúcar e café puro (sem adoçantes ou creme) são permitidos e ajudam a controlar a fome. É fundamental entender que o jejum intermitente não é adequado para todos; gestantes, lactantes, pessoas com histórico de transtornos alimentares ou com certas condições médicas devem sempre consultar um profissional de saúde antes de iniciar.
Por fim, o ponto mais crucial do jejum intermitente não é o período em que você jejua, mas a qualidade do que você come na sua janela de alimentação. O jejum não é um passe livre para consumir alimentos ultraprocessados e de baixo valor nutricional. Para colher os verdadeiros benefícios metabólicos, sua janela de alimentação deve ser preenchida com alimentos densos em nutrientes: proteínas de qualidade, gorduras saudáveis, fibras, vitaminas e minerais. É nesse momento que você reabastece seu corpo e fornece os blocos de construção necessários para a reparação e energia. O JI é uma ferramenta poderosa, mas funciona melhor quando combinado com uma nutrição inteligente e consciente.