Publicado em:
08/12/2022
por Ana Carolina Lahr
Um estudo do Conselho Internacional da Construção (CIB), aponta que mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil são para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. Além disso, o setor é um dos que mais produzem resíduos sólidos, líquidos e gasosos, sendo as construções e demolições responsáveis por mais de 50% dos entulhos. Diante disso e da necessidade iminente de se cuidar do meio ambiente para as gerações futuras, ganhou força nos últimos anos a “construção verde”, ou seja, aquela pautada em decisões sustentáveis.
O termo sustentabilidade começou a ser publicamente discutido dentro da construção civil no fim dos anos 1980, no encontro da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas - CMMAD. Quase quarenta anos mais tarde, alavancado pelas construtechs – startups com olhar na inovação e na tecnologia –, o movimento “green building” vive uma crescente e impacta toda a cadeia do negócio, desde o treinamento de operários e corretores até a evolução de técnicas e materiais de construção e acabamento.
No entanto, para uma construção ser considerada sustentável, todos os seus processos precisam ser sustentáveis. Para quantificar essas iniciativas, o United States Green Building Council (GBC) criou um ranking que analisa e quantifica as operações certificadas.
Nele, o Brasil – que teve o seu primeiro prédio sustentável erguido em 2004 – ocupa hoje a sétima colocação no ranking dos países com maior número de construções certificadas pelo Leed no mundo.
Se você está considerando esse caminho, antes de esbarrar no mito dos custos elevados de uma obra verde considere que o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura desde o início da concepção do projeto traz uma visão holística e conhecimento multidisciplinar resulta em uma edificação certificada nos mais altos níveis, sem acréscimo de custos.
Para te inspirar nessa jornada, selecionamos 7 prédios sustentáveis no Brasil. Conheça os detalhes!
Foi um dos primeiros empreendimentos do Brasil a reunir os conceitos de Green Building e a conquistar a certificação Leed. Com destaque para o sistema próprio de co-geração de energia elétrica, capaz de atender a 100% da carga de todo o complexo, o projeto obedece quatro premissas: redução do consumo de energia e dos custos operacionais e de manutenção, diminuição do uso de recursos ambientais não renováveis, melhoria da qualidade interna do ar e ganho de qualidade de vida e da saúde dos usuários.
As soluções adotadas para tornar a edificação mais sustentável compreenderam a redução do consumo de água e energia, a utilização de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental e medidas para assegurar o conforto térmico e acústico dos futuros hóspedes. O resultado é uma economia anual de 44% em energia no edifício, o equivalente a R$ 110 mil. Além disso, há uma economia de 69% nos gastos com água.
Com paredes de ICF (Insulated Concrete Forms) que proporcionam melhor desempenho acústico e térmico, além da redução drástica em resíduos de construção, a unidade foi projetada com o objetivo de diminuir ao máximo os impactos ambientais.
Nele, um conjunto de soluções – que inclui iluminação 100% LED com controles automáticos para reduzir o consumo de energia através do aproveitamento da iluminação natural, um sistema de ar-condicionado tem alta eficiência energética e um sistema fotovoltaico na cobertura para a geração de energia solar – garante uma economia anual de 36% em energia.
Além disso, conta com sistema de uso racional de água e de reaproveitamento da água da chuva que garante uma economia anual de 69%.
Com uso de tecnologias e medidas de eficiência energética, consumo eficiente da água, qualidade interna do ar e iluminação facilitada, essa foi a primeira fábrica do país a alcançar a certificação Leed na categoria New Construction, atestada em agosto de 2012.
As medidas sustentáveis do empreendimento vão desde a sua construção até a gestão da obra sem impactos à comunidade. Outros pontos favoráveis são a área de lazer projetada para o descanso dos funcionários, espaços no estacionamento reservados para quem oferece carona aos colegas de trabalho, sistema de captação de água da chuva, além do telhado verde, considerado o maior da América Latina.
No sertão da Paraíba, o conjunto de prédios da Energisa foi erguido com materiais renováveis, reutilizáveis e recicláveis, como madeira com certificação de reflorestamento, vidros laminados com baixo fator solar, tijolos cerâmico-prensados maciços e cercas de divisas com metal reciclado. Telhas de alumínio com preenchimento de poliuretano garantem proteção térmica e acústica do ambiente. Além disso, há instalações com sistema de captação de água da chuva.
Eleito pelo LEED Home Awards em 2021 como o edifício mais sustentável do mundo, a obra da construtora Laguna faz amplo uso da luz natural, luminárias LED, sensores de presença e módulos fotovoltaicos, elementos que contribuem significativamente para a redução do consumo de energia do imóvel em 15% no comparativo com o padrão considerado pela certificação.
Além disso, gera uma redução no consumo da água de mais de 20% em relação ao padrão proposto pelo selo. Em termos de materiais, mais de 50% da madeira do imóvel-arte é certificada pelo selo Forest Stewardship Council (FSC), além de haver uso prioritário de materiais reciclados.
Sua obra teve como ponto de partida a premissa de que nenhuma árvore fosse derrubada. A construção é toda elevada sobre pilotis, o que deixa acessível a parte de infraestrutura no solo e dispensou mudanças na topografia do terreno, diminuindo o impacto na natureza.
O telhado foi estruturado de forma a maximizar a ventilação cruzada e o sistema de resfriamento ajuda no conforto térmico da casa. Além disso, as calhas terminam em tubos de queda nos quatro cantos da cobertura e a água da chuva é recolhida e armazenada em uma cisterna subterrânea.
Instalado em um condomínio fechado em Manaus, ele é apena uma dentre muitas iniciativas que prometem se destacar, já que desde julho cinco cidades do Estado aderiram ao Programa de Fortalecimento de Capacidades para a Promoção das Construções Sustentáveis no Brasil, uma iniciativa da Internacional Finance Corporation (IFC), que visa promover a certificação de edifícios e construções sustentáveis e fomentar práticas responsáveis no segmento.
*Fontes: GBC Brasil e CasaCor